" Nada na Biologia faz sentido se não for à luz da evolução "

Dobzhansky

segunda-feira, 1 de março de 2010

Comentário *

"Durante uma transgressão ocorre um aumento da biodiversidade."

As subidas e descidas do nível médio do mar são também importantes na evolução dos rios.
Quando ocorrem alternâncias de períodos glaciários (mais frio e maior quantidade de precipitação) com fases interglaciárias (mais quentes e secas), podem originar-se também aspectos característicos ao nível da evolução de um rio. Os rios que apresentam caudais elevados transportam uma enorme carga sólida que se deposita sob a forma de aluviões, contribuindo para a formação de planícies aluviais. A deposição deste tipo de materiais é sobretudo importante no curso inferior dos rios.
Durante uma fase glaciária pode ocorrer uma regressão marinha devido à descida do nível do mar. Esta situação pode ter como consequência a descida do nível de base de um rio. O nível de base de um rio corresponde à menor cota que o fluxo de água pode atingir, que em regra é a cota da foz, ou seja, o local onde a água entra no oceano.

Quando a posição do nível de base baixa, essa alteração repercute-se em todo o curso do rio, seguindo uma direcção contrária à da corrente. Toda a actividade fluvial rejuvenesce, encaixando-se o rio primeiro junto à foz, o que faz aumentar o declive. A vaga de erosão regressiva (de jusante para montante) atingirá toda a rede, procurando estabelecer um novo perfil de equilíbrio. As vertentes voltam a recuar e formam-se novas planícies aluviais, repetindo-se o ciclo.
O encaixe do rio provocado pelo rejuvenescimento faz com que os depósitos, que constituíam a antiga planície aluvial, fiquem elevados em relação ao novo leito, constituindo-se degraus de depósitos ou terraços fluviais.


Desta forma, com a contínua repetição de vários ciclos de erosão, podem originar-se diferentes níveis de terraços fluviais, que são tanto mais antigos quanto mais elevados se encontram. Uma vez ocupado um determinado encaixe, o rio nunca mais voltará à posição anterior. Para a maior parte dos especialistas em dinâmica fluvial, os terraços fluviais que são apresentados pela maioria dos rios das zonas temperadas devem-se a flutuações dos caudais originadas por fenómenos glacioeustáticos. As variações glacioeustáticas verificadas durante o Pleistocénico produziram os vários níveis de terraços fluviais que actualmente podem ser identificados no curso inferior da maioria dos rios portugueses, nomeadamente no Douro, no Tejo e no Guadiana.

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